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Chupeta e Mamadeira: esclareça suas dúvidas

Dra. Ana Escobar responde perguntas sobre chupetas, mamadeiras e bicos para bebês e crianças

Hoje em dia há uma variedade enorme de tipos de chupeta e mamadeira para os bebês. As mães ficam perdidas e desorientadas quando se defrontam com a quantidade e diferenças entre elas. Qual seria o melhor para meu filho? Posso dar chupeta para meu bebê? Ele vai deixar de mamar? Vamos entender:

Dúvidas sobre as Mamadeiras

Qual é a melhor mamadeira para meu filho? E o melhor bico?

Nada complicado: a melhor mamadeira e o melhor bico são aqueles com os quais seu bebê se adaptou bem. Escolha um e faça a experiência. Adaptar-se bem  traduz-se em uma sucção segura e confortável, sem engolir uma quantidade grande de ar e/ou sem engasgar com frequência. Simples assim.

Há hoje uma infinidade de tipos e modelos de mamadeiras e bicos. De vários materiais, estilos, cores e “design” diferentes.

Se o seu bebê gostou da sua escolha, tudo certo. Se não gostou, mude o modelo. Por isso não é recomendável comprar muitas mamadeiras do mesmo tipo antes de saber se o seu filho se adaptou.

Algumas características, no entanto, devem ser comuns a todas as mamadeiras e a todos os bicos. A mais importante delas é que NÃO DEVEM possuir o  Bisfenol A ( BPA).

Mas, afinal, o que é esse  Bisfenol A?

É um produto químico que faz parte da composição de muitos utensílios de plástico como mamadeiras, por exemplo.

O uso do Bisfenol A foi proibido em vários locais no mundo, inclusive no Brasil desde 2012. Isso porque estudos científicos demonstraram que este composto é muito perigoso para a saúde, independentemente da idade: crianças, adultos ou idosos. O Bisfenol A é o que se chama desregulador endócrino. Sua molécula é semelhante ao estrógeno, que é o  hormônio feminino. Isso significa que pode provocar importantes alterações nos hormônios de crianças, homens ou mulheres, provocando infertilidade e aumentando a probabilidade de alguns tipos de câncer como de mama ou de próstata.

O Bisfenol A das embalagens de plástico ou mamadeiras pode passar para os alimentos?

Sim. Pode passar, especialmente quando colocamos estas embalagens no micro-ondas para esquentar. As alterações de temperatura fazem com que este composto químico “grude” nos alimentos e penetre no nosso organismo causando danos para a saúde.

Por isso tudo, aqui vão duas valiosas dicas:

  1. Quando for comprar quaisquer utensílios de plástico, especialmente mamadeiras ou aqueles que normalmente utilizamos para  guardar alimentos no congelador e aquecer no micro ondas, certifique-se que estão isentos de Bisfenol A. Leia a embalagem. Deve estar escrito “Bisfenol A free” ou “BPA free” . Se isto não constar na embalagem verifique o rótulo de reciclagem. Se aparecerem os números 3 ou 7 EVITE esse produto, pois pode conter bisfenol A.
  2. Evite aquecer alimentos em embalagens de plástico muito antigas, pois podem conter o bisfenol A. Nunca utilize mamadeiras antigas. Bebês são especialmente sensíveis aos efeitos do bisfenol A.

IMPORTANTE: não se esqueça de ESTERILIZAR as mamadeiras e bicos  antes do primeiro uso e, claro, sempre antes de preparar o leite para o seu filho.

Isso porque o leite é um excelente meio de cultura, o que facilita o crescimento de muitos germes que podem ser nocivos à saúde, ainda mais quando se trata de bebês.

Como higienizar os bicos, mamadeiras e tampas corretamente? E como esterilizar?

É simples. Após o uso, lave-os  com água e sabão neutro. Sabão de coco é um ótima opção. Limpe-os bem e para ajudar pode utilizar uma daquelas “escovinhas” especialmente produzidas para isso. Cuide de tirar completamente todos os pequenos resíduos que podem ficar “grudados” no fundo da mamadeira e nos bicos e tampas.

Depois de lavar há que se esterilizar. Isso pode ser feito com esterilizadores elétricos ou para serem utilizados no micro ondas. Há muitos produtos disponíveis no mercado. Se você optar por um deles, siga exatamente as instruções do fabricante.

Se você não tiver um esterilizador, não se preocupe. Basta deixar bicos, mamadeiras, tampas e até chupetas em água fervendo por uns 5 a 10 minutos. Veja bem: este tempo de 5 a 10 minutos só começa a contar depois que a fervura se iniciou. Retire-os da água com uma pinça apropriada e deixe-os secar. Coloque as mamadeiras com a boca para baixo. Depois de secas, se não for utilizá-las imediatamente, guarde-as em um recipiente grande de plástico, também previamente esterilizado.

Dúvidas sobre as Chupetas

Dou ou não dou a chupeta para o meu bebê? E se ele começar a chupar o dedo?

Esta pergunta divide a opinião de pais e cuidadores. E também de pediatras e odontopediatras.

Bebês já nascem sabendo sugar. Já dentro do útero materno, inclusive, apresentam movimentos de sucção. Este conhecimento “nato” lhes permite viver, uma vez que precisam mamar para crescer e se desenvolver. Pois bem. Só que um bebê é diferente do outro. Por diversas razões, uns choram mais, outros menos. E o choro nem sempre significa fome. Pode significar um desconforto que pode ser maior ou menor, de ordem física ou simplesmente por necessidade de um “aconchego”. 

Ao longo da evolução fomos descobrindo que o ato de sugar “acalma” alguns bebês  que choram e que não estão com fome nem apresentam desconforto físico importante. Acalma naqueles momentos em que o bebê quer um “aconchego”. Por isso “inventamos” a chupeta. E todos sabem que, de fato, a chupeta “funciona” para muitos bebês.

Com o passar dos tempos as chupetas foram mudando de forma, de cores, de materiais com que são fabricadas e também  de modelos. Hoje temos as chamadas chupetas “ortodônticas” que procuram melhor se adequar à cavidade oral dos pequenos. 

Muitos estudos foram realizados  sobre este pequeno objeto, que tão comumente faz parte do enxoval dos bebês. Todos os PRÓS e CONTRAS o uso da chupeta foram cuidadosamente analisados.

E afinal de contas, dou ou não a chupeta para meu filho?

Vamos resumir os prós e os contras da chupeta para analisarmos a situação:

Argumentos PRÓ chupeta:

  • As chupetas ortodônticas não deformam a arcada dentária dos bebês;
  • Bebês que têm necessidade maior de sucção que não recebem a chupeta podem começar a chupar o dedo. O uso da chupeta permite definir horários específicos para sugar como, por exemplo, somente antes de dormir.  É muito mais fácil. Sem contar que, mais tarde, na hora de acabar definitivamente com este hábito, a chupeta realmente é mais tranquila, na medida em que oferece mais “recursos . Pode-se combinar com a criança de “entregar” a chupeta para o Papai Noel ou para o Coelhinho da Páscoa, por exemplo. Por razões óbvias, não dá para ter um acordo desta natureza quando se trata do dedo, não é mesmo?
  • Estudos demonstram que bebês que chupam chupeta tem uma incidência menor da temida “Síndrome da Morte Súbita”. Esta síndrome se caracteriza por bebês que são encontrados sem vida no berço por razões não explicáveis. Por conta desta síndrome é que hoje se recomenda fortemente que bebês durmam de barriga para cima. Dormir na posição de bruços  não é indicada. Por conta disto a Academia Americana de Pediatria atualmente recomenda o uso da chupeta, a partir de 3 semanas de vida, quando a amamentação já se delineou.

Argumentos CONTRA a chupeta:

  • Bebês que sugam chupeta mamam menos. Isto pode interferir, inclusive, no ganho de peso que se espera em uma fase importante de crescimento e desenvolvimento. Principalmente nas 3 primeiras semanas de vida, quando o bebê está aprendendo a sugar. Por esta razão a Organização Mundial de Saúde ( OMS ) , o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Ministério da Saúde do Brasil optaram por contraindicar a chupeta.
  • Psicólogos afirmam que há outras formas para acalmar o bebê sem o uso da chupeta como, por exemplo, cantar, pegar no colo, fazer carinho ou amamentar. E que nem todo o bebê necessariamente chupará o dedo. Caso isso ocorra, pode-se tentar dar outros objetos como, por exemplo, mordedores que não causam nenhuma forma de dependência.
  • O uso da chupeta pode ser relacionar a uma maior incidência de infecções orais como, por exemplo, o “sapinho” ou nas vias aéreas superiores como otites ou amigdalites.

Como vocês podem ver, no mundo de hoje ainda há controvérsias sobre o uso da chupeta.

A recomendação mais sensata me parece a da Sociedade Brasileira de Pediatria que afirma:

Espera-se “que os pais tenham claramente esta visão de “prós e contras” do uso da chupeta, para que, junto ao seu pediatra, possam tomar uma decisão informada quanto a oferecê-la, ou não, aos seus bebês”.

Com qual frequência devo esterilizar a chupeta?

O bebê pequeno tem suas defesas imunológicas ainda não totalmente desenvolvidas. É importante evitar contato com quaisquer germes que possam trazer algum risco à sua saúde.

Por isso é recomendável esterilizar a chupeta após o uso ou, claro, quando caiu no chão ou em qualquer local com má higiene.

É muito fácil esterilizar chupetas: basta colocá-las em uma panela com água. Depois que começou a fervura conte de 5 a 10 minutos. Retire-as da água e deixe-as secar em um local limpo. Depois guarde-as  em uma “caixinha” de plástico também previamente esterilizada.

 

Espero ter solucionado as suas principais dúvidas sobre o uso da chupeta e mamadeira. Aproveito para indicar outros conteúdos aqui do site para complementar a sua leitura. São eles: Como retirar a mamadeira e chupeta? e Cuidados com a Chupeta. Clique nos links e boa leitura!

Publicado por Dra. Ana Escobar
Dra. Ana Escobar (CRM 48084 | RQE 88268) é médica pediatra formada pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), pela qual também obteve Doutorado e Livre Docência no Departamento de Pediatria.

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