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É possível ser mulher e não sentir culpa?

O mundo hoje não está fácil para as mulheres.

O caminho até aqui não foi simples. Especialmente nos últimos 60 anos, período em que muitas mulheres lutaram persistentemente para alcançarmos a posição em que estamos hoje. Conquistamos um espaço valioso no mundo atual. Entramos no mercado de trabalho pra valer, somos respeitadas e competitivas enquanto profissionais.

Na vida pessoal, continuamos considerando a possibilidade da maternidade como o presente mais generoso que poderíamos receber da natureza e sentimos por nossos filhos um amor incondicional, infinito e absolutamente único. Cuidamos do andamento da rotina da casa para que a família fique confortável. E temos a preocupação de não decepcionarmos o companheiro em nenhum setor do relacionamento. Sem contar com todos os cuidados com a aparência, o que geralmente nos agrada bastante.

Por isso… senhoras e senhoritas… não está mesmo fácil. Neste cenário todo, o problema é que, com tantos afazeres, deveres e responsabilidades, sempre achamos que não estamos fazendo alguma coisa direito. Aí á culpa é inevitável. Se trabalhamos muito, temos a sensação de que a família não está recebendo tempo o suficiente; se trabalhamos pouco, sentimo-nos socialmente desvalorizadas e pouco prestigiadas… difícil resolver esta equação, não é mesmo?

O que fazer?

Vamos pontuar algumas ideias que podem ajudar nosso comportamento no dia a dia, livrando-nos um pouco desta enorme autoexigência.

Primeiro: não somos supermulheres. Definitivamente não dá para fazer tudo sozinha. Se você tem um companheiro, divida as tarefas da casa e os afazeres cotidianos dos filhos com ele. Isto quer dizer: divida as idas ao supermercado, o leva e traz das crianças pra lá e pra cá, o cuidado com a faxina da casa e com as roupas e até mesmo a revisão e ajuda na lição de casa dos filhos. Dividindo as tarefas, com certeza vai sobrar mais tempo pra vocês dois ficarem juntos, o que é muito bom.

Segundo: pode parecer comum dizer isso, mas é uma verdade, a qualidade do tempo que você passa com seus filhos é muito, muito melhor que a quantidade de tempo. Brinque ou converse com seus filhos, mas nunca deixe de ser mãe, no sentido de manter a autoridade. Jamais fique com culpa por estar trabalhando, nem compense seus filhos com presentes ou deixando que eles façam tudo o que querem. Seus filhos precisam que você os oriente sempre, apontando caminhos e impondo limites quando for necessário.

Terceiro: guarde um tempo precioso para você. Não pense que é impossível. Faça algo que te dê prazer. Vá ao cinema, a um show, invente um passeio gostoso, pratique atividades físicas, veja seu programa favorito na TV… enfim… trate-se bem!! Você merece!

Mais importante: não se cobre atitudes impossíveis. Faça sempre tudo o que for possível no tempo que der. Fazer o suficiente já está bom. Diminua a autoexigência e fique bem com você mesma. Seja feliz!

Publicado por Dra. Ana Escobar
Dra. Ana Escobar (CRM 48084 | RQE 88268) é médica pediatra formada pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), pela qual também obteve Doutorado e Livre Docência no Departamento de Pediatria.

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