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O que é e qual a importância do vínculo mãe-bebê?

Os relacionamentos são fundamentais em nossa vida. Ao chegarmos ao mundo, logo iniciamos um relacionamento com nossa mãe e, a partir dele, fixaremos os padrões de conduta e normas que vão determinar todos os outros relacionamentos de nossa existência. A importância do relacionamento afetivo entre mãe-filho começa desde cedo, antes mesmo do nascimento. A futura mamãe conversa com seu filho antes mesmo dele nascer.  A qualidade dessa relação é fundamental para o desenvolvimento do psiquismo e para formação da personalidade da criança.

Como o bebê percebe que você o ama?

O toque gentil, a tom de voz interessado. Os bebês precisam de afago, aconchego, acolhimento e apego com alguém que os complete e que satisfaça suas necessidades: geralmente a mãe (ou outra pessoa que faz o papel da mãe).

Inúmeras pesquisas mostram que bebês que não tiveram contato físico com um cuidador interessado têm maior risco de adoecer, ter problemas psíquicos e até de morrer. Isso acontece porque o bebê humano é o mais dependente e vulnerável dos bebês mamíferos. Nesta visão, a relação mãe e filho é compreendida como uma relação indissociável e ninguém discute o quanto um bebê é dependente de sua mãe.

O que pode atrapalhar a maneira como a mãe se liga ao bebê?

Durante a gestação, parto e pós-parto, as emoções, preocupações e sentimentos da mãe são influenciados por vários fatores tais como: as experiências passadas da mulher com sua mãe (um relacionamento difícil ou distante com a própria mãe no início da vida, mesmo quando não são lembrados estão lá, fazendo sombras); a experiência do parto (se foi boa ou ruim, independentemente do tipo de parto); os padrões culturais (noções de certo ou errado que podem ser aprisionantes); o contexto em que a gravidez acontece (se foi desejada ou aceita); a qualidade do vínculo com o pai da criança e a quantidade de ajuda que ela tem no pós-parto.

Tudo isso vai contribuir na formação saudável ou não do vínculo afetivo mãe-filho, e na facilidade dessa mulher de associar seu filho a coisas boas e não ruins.

A formação do vínculo inicia-se, principalmente, através do contato corporal e do quê esse contato significa para a mãe. E é muito importante a qualidade desse contato. Não importa apenas dar o seio, o que importa é como o seio é dado e como as solicitações são atendidas, ou seja, não se está incorporando apenas o leite da mãe, mas também sua voz, seus embalos, seus carinhos.

Durante a amamentação (no seio ou na mamadeira) é que se estabelece uma ligação mais íntima entre a mãe e o bebê, satisfazendo as necessidades emocionais de ambos, oferecendo ao bebê uma maior garantia do equilíbrio interno. A satisfação da necessidade biológica através do leite materno dá lugar à experiência de satisfação que é interiorizada pela criança, ficando associada à imagem da mãe. Tais experiências de satisfação são importantes para  estruturar  o mundo interno e  o desenvolvimento da criança. Isso dá  um “valor” que  motiva, estrutura e organiza a sua personalidade. Ao contrário,  um efeito traumatizante, por vezes, pode ser um desorganizador do aparelho psíquico.

O mundo da criança vai se construir de acordo com a qualidade dessas relações iniciais. A realidade interna da mãe é o primeiro mundo que é oferecido, ou seja , a criança vai entendendo o mundo por meio daquilo que a mãe lhe passa. Assim, as experiências afetivas nos primeiros anos de vida são caracterizadas por intensas mudanças e o afeto é indispensável ao desenvolvimento harmônico da pessoa.

O vínculo mãe-bebê, portanto, tem papel fundamental no complexo desenvolvimento psicoemocional do adulto que os nossos filhos de hoje vão ser! E é claro que sentimentos ruins, especialmente os que são contínuos e duradouros, podem ser prejudiciais ao desenvolvimento normal do bebê.

Ter sentimentos ruins, pontualmente, no meio da madrugada, quando você tem um bebê que não para de chorar, é normal e inevitável. Vamos ficar atentos quando esses sentimentos ruins passam, porém, de coadjuvantes a atores principais.

Publicado por Dra Adriana Grandesso Pompeo de Camargo.
Doutora Adriana Grandesso Pompeo de Camargo (CRM 115.771-SP) é médica graduada pela Unicamp. Obteve Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, em 2007, pela Unicamp.

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