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Pós-parto: como seu companheiro pode te ajudar?

Enquanto se está grávida, frequentemente as mulheres têm a sensação de que tudo acabará com o parto e a vida, depois, voltará ao “normal”.

Entretanto, quem já teve um bebê sabe que o parto, ao contrário, é o começo. O começo de uma nova fase que, em geral, envolve ajustes familiares. Ninguém fica no mesmo papel. É como se toda a família, como em um jogo de tabuleiro, “andasse uma casa”.  Você “anda uma casa” e vira mãe, seu marido vira pai, sua sogra e sua mãe viram avós e todos têm que se readequar a esses novos papéis, o que às vezes não acontece da noite para o dia…

Se você e seu parceiro têm a expectativa de participarem ativamente dos cuidados com o bebê, vão aqui algumas dicas:

–  Primeiro de tudo: licença maternidade não é um período de “férias”, como algumas pessoas que ainda não tiveram filhos, acreditam. É um tempo de trabalho duro e monótono: amamentar, trocar, colocar o bebê para arrotar, ajudando-o a dormir quase ininterruptamente ao longo das 24 horas. Se o seu bebê for um “bebê anjo” que já desceu dos céus sabendo dormir, pode ser que seja mais tranquilo. Mas é mais prudente não ter essa expectativa!

– Os primeiros 15 dias em casa podem ser emocionalmente muito difíceis para a mulher: 80% delas vai experimentar o blues puerperal, uma espécie de TPM gigante que deixa as emoções à flor da pele e te faz adorar e odiar tudo com intervalo de minutos.  Um marido que está preparado para acolher as inseguranças da nova mamãe e que está disposto a acalmar o bebê quando ela está exausta, é tudo de bom! Estará ganhando pontos preciosos para essa nova fase da vida. Cuide da sua companheira. Agora é ela que está precisando de cuidados para poder cuidar do filho de vocês.

– Um bebê, nos primeiros meses de vida, precisa sim, fazer um vínculo forte com a mãe. Seu papel de pai é proteger essa dupla e garantir que nada os atrapalhe: controle as visitas, proteja-a dos mais “sem noção”, acuda quando o bebê estiver chorando, troque as fraldas e fique com o seu filho para que ela possa tomar banho, almoçar, fazer xixi. Sua ajuda, seu apoio e suas palavras de encorajamento são fundamentais para a sua companheira, que está vivendo um furacão emocional.

–  Vocês três precisam de tempo para se conhecer. Se, desde o primeiro momento, houver uma terceira pessoa cuidando do bebê, pode ser que você se sinta sem um lugar definido. E ficar sem lugar, o afastará do necessário contato com o seu filho. A terceira pessoa (seja a sogra, a mãe ou a babá) é muito bem vinda, mas caso sua esposa esteja se recuperando bem do parto e não precise de ajuda extra, o ideal é que a terceira pessoa cuide da casa, da comida, de lavar as roupas para que você e sua esposa possam se ocupar do bebê. O vinculo com um bebê pequeno, que só mama, dorme e faz cocô se faz nos cuidados básicos. Quando você voltar a trabalhar, é  importante que na sua ausência alguém ajude sua esposa.

– Maridos: por essa mesma razão, separem um tempo ( licença paternidade, férias) para estar em casa nas primeiras semanas de vida do seu filho. Assim, se nenhum de vocês dois têm experiência, aproveitem para aprender juntos. Em geral, não funciona bem se ela aprende “tudo” sobre o bebê na sua ausência e depois fica te “ensinando/ criticando”- “não é assim que segura o bebê!  Cuidado, você não sabe fazer isso!”  Desde o inicio, marque seu lugar de pai que também entende do bebê!

– Mulheres: não entrem nessa de ficar criticando tudo o que ele faz. Isso é um tiro no pé! Você vai criando a fantasia de que ele faz tudo errado, ele vai se sentindo incompetente e se afastando. Resultado: sobra tudo para você! Não tem problema que a fralda fique um pouco torta, ou que o bebê engula um pouco de água no banho. É muito mais importante ter um pai por perto!

–  Muito importante: é extremamente frequente que a mulher que acabou de dar à luz  se sinta irritada e ameaçada com os excessos de opiniões da  sogra nesse primeiro momento. Parece uma herança animal, como uma luta entre mulheres pelo espaço doméstico. Eu sei, isso agora parece muito estranho! Todo mundo diz :- “Imagina… minha esposa se dá bem com a minha mãe…” Ok, mas especialmente se sua mãe é uma pessoa invasiva, que quer dar palpites em tudo, chega sem ser convidada, leva os amigos dela para ver o bebê, você precisa proteger sua esposa dessa invasão para evitar que ela exploda com a sua mãe e o caldo realmente entorne! Com jeitinho, você pode dizer: – “mãe, hoje a gente está cansado e não quer receber ninguém, ok?” Ou: -“mãe, deixa a gente fazer do nosso jeito? Não acontece igual para todas as mulheres…”  E fique tranquilo, vai passar. Não é nada pessoal com a sua mãe. Acontece nas melhores famílias.

 

Publicado por Dra Adriana Grandesso Pompeo de Camargo.
Doutora Adriana Grandesso Pompeo de Camargo (CRM 115.771-SP) é médica graduada pela Unicamp. Obteve Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, em 2007, pela Unicamp.

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