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O tratamento do câncer de pulmão é igual para todas as pessoas acometidas?

“Fui ao médico e ele me receitou esse medicamento para gripe. Experimenta também que é excelente. Curou minha gripe, vai curar a sua também”.

Quem já não ouviu um conselho como esse de um amigo, vizinho ou parente? Pois é. Até há pouco tempo, o tratamento de muitas doenças era semelhante para todas as pessoas. Pensávamos que o que era eficaz para a doença de uma pessoa necessariamente seria para a de outra.

Só que as pesquisas e o conhecimento científico, essencialmente na área da genética, avançaram muito rapidamente nos últimos anos. Hoje sabemos que as terapias devem ser individualizadas. O que é bom para uma pessoa pode não ter efeito em outra, dependendo de seus genes. Isso vale especialmente para doenças como câncer e principalmente quando se trata de câncer de pulmão, que é o responsável por altas taxas de mortalidade entre homens e mulheres no mundo todo. Vamos entender melhor.

Existe um tipo de câncer de pulmão, chamado de “não pequenas células”, que pode se disseminar pelo organismo. Muitas vezes, quando o diagnóstico é feito, este câncer já está em um estado avançado e/ou se espalhou. Nesta situação, o tratamento convencional com quimioterapia ou radioterapia é muito limitado e o prognóstico do paciente não é bom.

Mas hoje estes pacientes, com diagnóstico de câncer de “não pequenas células”, com mutação genética rara, sem quimio, radioterapia ou qualquer outro tratamento prévio, tem uma boa notícia. Foi recentemente liberado um medicamento, administrado por via oral, que tem um mecanismo de ação inovador: é capaz de inibir a multiplicação de células cancerosas.

Este novo medicamento pode ser usado em pessoas que sofreram uma mutação em um gene específico e que, como consequência, estimula uma proteína que faz as células se multiplicarem intensa e desordenadamente, levando, portanto, ao câncer. O medicamento só atua nas células doentes, preservando as células sadias. Este tipo de terapia se chama terapia alvo. O resultado desta nova terapêutica é que a sobrevida dos pacientes com este tipo grave de câncer aumenta significativamente.

O estudo das mutações de cada um, portanto, ajuda o médico a definir o melhor e mais específico tratamento para cada indivíduo. O tratamento do mesmo tipo de câncer de pulmão, portanto, pode ser diferente para uma ou outra pessoa.

Cada um de nós tem suas peculiaridades individuais e únicas. O que é bom para uma pessoa, pode não ser para outra. Conhecer-se bem é essencial para muitas situações importantes da vida.

Publicado por Dra. Ana Escobar
Dra. Ana Escobar (CRM 48084 | RQE 88268) é médica pediatra formada pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), pela qual também obteve Doutorado e Livre Docência no Departamento de Pediatria.

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