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O que é o “blues pós-parto”? Qual a diferença da depressão pós-parto?

Tornar-se mãe (ou pai) é uma enorme transformação.

Principalmente para a mulher. Sem dúvida nenhuma, este é o momento de maior variação hormonal no menor espaço de tempo que acontece ao longo de sua vida inteira. É considerado o momento de maior vulnerabilidade psíquica previsto no ciclo de vida.

É um verdadeiro teste para a sanidade mental: ao chegar da maternidade, a mudança brusca da rotina e os novos papéis a serem desempenhados exigem dos casais novas habilidades emocionais. Antes, para ser competitivo no mercado de trabalho, a vida exigia determinação, objetividade, eficiência. Diante do bebê, para acolhê-lo e lidar com seu choro sem palavras são necessários tolerância, resiliência e calma. Muita calma. Os ajustes da amamentação e a privação de sono característicos dessa fase ajudam a pintar a cena. Não é fácil. Mas dá para encarar!!!

É assim que até 50% das mães de primeira viagem experimentam o “blues pós-parto”. O que é isso? É uma fase de ajustamento psíquico comum e esperado nas duas primeiras semanas após o nascimento do bebê.  Caracteriza-se por uma mudança abrupta de humor, choro fácil, irritabilidade e insegurança nos cuidados com o bebê.  Esse quadro costuma se resolver de maneira espontânea, especialmente se essa mãe encontra apoio e ajuda de pessoas que estejam ao seu lado, transmitindo confiança e tranquilidade. Evitem que pequenas dúvidas se transformem em grandes inseguranças que atrapalhem o nascimento da mãe que vem surgindo.

Para a maioria das mulheres, essa fase de ajustamento será vencida com algum apoio e muito aprendizado!

Algumas mulheres (15%), entretanto, podem desenvolver depressão pós parto. É mais comum em quem já tem uma predisposição genética (depressão ou ansiedade exagerada durante a gestação, crise depressiva anterior, casos de depressão ou bipolaridade na família), ou fatores de risco como pouco apoio emocional ou material disponíveis.

Ou seja: cuidar, ajudar, apoiar, orientar, mimar e amar uma mulher no pós-parto tem o poder de evitar a crise depressiva e todas as suas consequências para a família, para o bebê e, claro, para a própria mãe.

Quando não diagnosticada ou inadequadamente tratada, a depressão pode resultar em um vínculo emocional enfraquecido entre mãe e bebê. Isso não é interessante para ninguém.

Por isso, é preciso cuidar da cuidadora! O fator mais decisivo para a boa evolução da depressão pós-parto é o diagnostico rápido e o tratamento adequado. Quando isto é possível, as consequências para a família, e especialmente para o bebê, são reduzidas. Por esta razão, sempre que se suspeitar de depressão pós parto, a família deve procurar auxílio profissional, psicológico ou psiquiátrico, para uma avaliação.

Como as consequências são muitas e para muitos, neste caso, sem dúvida, é melhor pecar pelo excesso de zelo!

 

Publicado por Dra Adriana Grandesso Pompeo de Camargo.
Doutora Adriana Grandesso Pompeo de Camargo (CRM 115.771-SP) é médica graduada pela Unicamp. Obteve Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, em 2007, pela Unicamp.

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